quarta-feira, 20 de junho de 2012

Fatores condicionantes da capacidade de produção de força

Os fatores condicionantes da capacidade de produção de força, são:
- fatores nervosos centrais;
- fatores nervosos perifericos.

- Fatores nervosos centrais:

            O Sistema Nervoso Central dispõe de 3 mecanismos para regular a intensidade da contração muscular:

            -recrutamento de unidades motoras:

Um dos mecanismos de regulação da força produzida pelo músculo é o recrutamento de Unidades Motoras. Estas UM são recrutadas por ordem crescente da sua capacidade de produção de força. Este padrão de recrutamento é conhecido como

O princípio de Henneman. As UM de menores dimensões possuem limiares de excitabilidade mais baixos e são recrutadas em primeiro lugar. À medida que as necessidades de produção de força vão aumentando, as UM de maiores dimensões vão sendo recrutadas progressivamente. Desta forma, há uma correlação positiva entre as capacidades de produção de força das UM e o seu limiar de recrutamento, ou seja, de excitabilidade.

Enquanto este limiar não for alcançado o grupo de fibras musculares constituinte desta unidade motora permanece sem se contrair. A partir do momento em que este limiar é alcançado todas as fibras constituintes se contraem, é a chamada lei do "Tudo ou Nada". Neste contexto, quando o neurónio envia um influxo nervoso às fibras musculares pertencentes a uma determinada unidade motora, só pode ocorrer uma das seguintes duas respostas:

·         As fibras permanecem descontraídas se a intensidade do estímulo for inferior ao seu limiar de excitabilidade;

·         Contraem-se com toda a intensidade, se o estímulo for igual ou superior ao seu limiar de excitabilidade.

Finalizando, perante um estímulo acima do limiar de estimulação a contração obtida é sempre máxima. No entanto, esta lei não se aplica ao músculo como um todo, já que este é constituído por várias unidades motoras, o que leva a que cada músculo possa desenvolver forças de intensidades gradativas, podendo ir de uma contração fraca a uma contração forte.


            - Frequência de ativação das unidades motoras:

A força produzida por uma contração muscular pode ser aumentada não só pelo maior número de UM recrutadas, mas também pela variação da força gerada por cada UM individualmente. Este aumento de força pode ser conseguido através de uma maior frequência de ativação de cada UM. A frequência de ativação das UM está intimamente relacionada com a velocidade de contração, o que por si só, é condição suficiente para que este mecanismo de regulação nervoso adquira papel predominante no estudo dos fatores neurais que condicionam a capacidade do músculo produzir força.

            - Sincronização da ativação das unidades motoras:

A sincronização de UM pode ser definida como a coincidência temporal dos impulsos de duas ou mais UM. Um aumento da força de contração pode ser obtido através da sincronização dos processos de somação temporal. A frequência de ativação é o processo responsável pelo controlo da força produzida enquanto que o princípio de recrutamento é aquele que possibilita o atingir da força máxima através de mecanismos mais rápidos e mais potentes.
Neste sentido, quanto maior for a capacidade de recrutar simultaneamente, num dado momento, um elevado número de unidades motoras maior será a força produzida pelo músculo. A utilização do presente mecanismo parece só estar ao alcance de praticantes altamente treinados ao nível do treino da força. Os estudos clássicos de Milner-Brown et al. (1975) mostraram que halterofilistas possuíam uma maior sincronização no disparo das UM do que os seus sujeitos controlo.

- Fatores nervosos periféricos:

Os fatores nervosos periféricos estão associados aos processos de inervação sensitiva do músculo. Os músculos, tendões e articulações possuem órgãos sensoriais cuja função principal é de veicular as informações-sensitivas até ao sistema nervoso central.

            Estes fatores estão associados aos processos de inervação sensitiva do músculo:

            - Fuso neuromuscular:

Qualquer alongamento muscular, ao implicar o estiramento das fibras intra-fusais, origina uma estimulação das fibras sensitivas Ia e II, oriundas, respetivamente dos recetores primários e secundários do fuso. As fibras Ia são sensíveis ao grau e à velocidade do estiramento e o facto de realizarem no seu trajeto apenas uma sinapse, permite-lhes uma grande velocidade de intervenção. Uma ramificação destas fibras termina monosinapticamente no motoneurónio alfa e é responsável pela sua excitação e, naturalmente, pela contração muscular, i.e., pelo reflexo de alongamento.

            - Órgão tendinoso de Golgi:

O outro grande recetor muscular, o Órgão Tendinoso de Golgi, envia continuamente informações sobre a intensidade da contração muscular, através das fibras sensitivas. Estas fibras terminam no interneurónio inibitório que por sua vez age inibitoriamente sobre o motoneurónio alfa, facilitando o relaxamento do músculo. A exemplo do que referimos para as fibras aferentes do fuso, também as fibras recorrem a um processo de inibição recíproca, o que torna a sua ação mais eficaz.

Por último, deve-se referir o papel muito importante que é desempenhado pelo circuito gama. Ao receber intervenção dos centros superiores, o motoneurónio gama procede à inervação das fibras intra-fusais do fuso neuromuscular, promovendo um constante ajustamento relativamente ao seu estiramento. Esta ação das fibras gama, constitui um mecanismo de servo-assistência que permite um controlo muito perfeito das ações musculares.

Naturalmente que o sistema do reflexo de alongamento, bem como todos os outros circuitos medulares a que nos referimos de forma breve, estão presentes em todos os movimentos e devem ser encarados como mecanismos não exclusivos e interdependentes, sobretudo pela larga ação que sobre eles exercem as estruturas supra medulares apoiadas nas influências recíprocas entre redes de interneurónios medulares.

                        - Recetores articulares:

             São responsáveis pela informação relativa à posição das articulações, velocidade e amplitude do movimento. Estes órgãos (RA) são de extrema importância devido ao seu carácter preventivo e de proteção no que se refere a possíveis lesões.

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